Texto assinado pela equipe de psicologia do Coletivo Autônomo Morro da Cruz.
Antes de cuidar do outro, é preciso cuidar de si. Essa é uma frase clichê que ouvimos com frequência. No Coletivo, aprendemos algo diferente: para cuidar do outro – e para cuidar de si – é preciso cuidar do coletivo, das relações, da comunidade à nossa volta. Trabalhar em um espaço de educação e acolhimento é pensar e repensar cotidianamente sobre o que é o cuidado e como se faz o cuidado. Como se cuida? Como se cultivam as relações? Quais são os tipos de cuidado e em que pontos devo prestar atenção?
Normalmente quando pensamos em cuidado, e principalmente em saúde mental, nos vem à mente a psicologia, e a ONG possui sim uma equipe de psicologia. Ela é composta por 3 psicólogas, 1 psicólogo voluntário e duas estagiárias de psicologia. Esse grupo é responsável por assistir os educandos, educadores e famílias realizando observações, escutas e intervenções. Mas para além da parte psicológica, existe uma série de outros pontos que acreditamos serem importantes quando pensamos em cuidado e o que desejamos transmitir enquanto ensinamentos e cultura do Coletivo.
Há um cuidado na esfera social, um compromisso ético de compreender o território onde atuamos, respeitar a história e a herança que o Morro da Cruz transmite para as famílias e crianças que atendemos. Há um cuidado com as famílias, pois vemos que apenas assim conseguimos efetivamente promover mudanças significativas com as crianças. Há um cuidado com a equipe, onde a preocupação com a disponibilidade interna para o encontro com os alunos é priorizada.
Junto com as crianças, também pensamos no cuidado que devemos ter e promover com o espaço onde fazemos as atividades. Os educadores fazem um projeto de exercitar o cuidado com o espaço fazendo as seguintes perguntas com as crianças: como eu gostaria de receber esse espaço? Como devemos manter esse espaço para que ano que vem uma turma nova possa ter aula aqui? Além do espaço, tensionamos o cuidado que cada educando deve ter com seus colegas e com sua turma, para que seja um ambiente realmente acolhedor. Sabemos que se uma criança do grupo não está bem, isso pode impactar toda uma turma.
O cuidado também vem de quem prepara cada lanche e refeição oferecida na ONG. O carinho é transmitido por um almoço quentinho e saboroso, um bolo que perfuma o ambiente enquanto assa no forno, coisas que não apenas alimentam a todos, mas nutrem o projeto de carinho. Para que toda a engrenagem funcione, cada uma das peças precisa funcionar. E para as peças funcionarem, um precisa cuidar do outro (e, aqui, cada peça é uma peça chave).
Nos siga nas redes sociais
Todos os dias relatamos nossas atividades no nosso Instagram, Facebook e todos os meses no nosso canal do Youtube. Nos siga para acompanhar tudo o que estamos desenvolvendo.