Nesta semana aconteceu a oficina de fotografia com o celular no Coletivo. A iniciativa que começou na terça-feira, dia 23, e foi encerrada na quinta (25) faz parte do conjunto de ações do FestFoto – Descentralizado. O FestFoto – Descentralizado é um dos projetos contemplados pelo Programa Funarte de Apoio a Ações Continuadas 2023. Junto do Centro de Educação Ambiental (CEA) do bairro Bom Jesus, o Coletivo é parceiro desta primeira edição do festival que neste ano acontece na Bonja e no Morro da Cruz, Zona Leste de Porto Alegre.
A oficina, ministrada pelo fotógrafo e professor universitário Tiago Coelho, teve o objetivo de capacitar os 13 alunos que participaram a utilizarem o celular da melhor forma possível como uma câmera fotográfica. Além disso, os encontros tinham o intuito de explicar para esses jovens que eles podem utilizar esse equipamento para registros do seu entorno, ou seja, da comunidade onde vivem, auxiliando eles a mostrarem a realidade das periferias e manterem as fotos como registro histórico dos territórios.
Durante os três encontros, os alunos fizeram registros fotográficos em casa e em alguns locais do Morro da Cruz. Após essa ação prática, junto do professor eles fizeram uma seleção das melhores fotos para usarem na última ação desta oficina que será a exposição deste material na comunidade.
Conforme Tiago Coelho, a oficina foi uma troca incrível de aprendizados entre ele e os alunos. Uma experiência extremamente rica que resultou em um material fotográfico diverso e que alcançou a ideia de mostrar as peculiaridades e o olhar de cada um dos participantes. Animado, Tiago valoriza os encontros e a troca de experiências.
“A palavra que vem na minha cabeça (sobre as aulas) é futuro. Porque saindo daqui, eu tenho pensado muito que eu sou professor há 14 anos em universidade e em cursos técnicos. Mas com experiências como essa que parece que faz sentido essa troca de experiência, nesse agregar que a gente traz e que eu sou agregado também nesse processo”, explica.
Juliane Lima Schossler, 14 anos, que tem um grande interesse por fotografia gostou dos três dias de oficina. Ela conta que o mais interessante foi o conhecimento passado nas aulas que, segundo ela, necessitaria de uma faculdade para aprender.
“Sim, eu achei bem interessante. Me ensinou bastante coisa que a gente não aprenderia e que teria que ter anos de faculdade pra aprender, né? E agora a gente consegue sentir muitas coisas pelas fotos, né? Agora a gente consegue ver o morro de outra forma”, disse a aluna.
No dia 24 de agosto, todas as fotos escolhidas serão expostas no Morro da Cruz através de lambe-lambes que ficarão espalhados no morro. Em paralelo também acontecerá a mesma exposição no bairro Bom Jesus, mas com as fotos retiradas pela equipe do CEA.
Objetivo alcançado
“Isso é importante. De ter essa percepção de que a tua vida dá foto. Que a tua vida vale a pena. Eu acho que isso eles perceberam”
Sinara Sandri, coordenadora do FestFoto – Descentralizado.
Sinara Sandri, coordenadora do FestFoto – Descentralizado, acredita que a oficina cumpriu o seu propósito inicial de mostrar que a fotografia pode ser uma poderosa ferramenta para contar histórias e mostrar o cotidiano. Para isso poder acontecer, a iniciativa contou com a dedicação e engajamento de todos os participantes, segundo ela.
“Eu acho que o pessoal se dedicou bastante. Eles já têm uma familiaridade com imagem, com celular, tá todo mundo fazendo foto. Mas eu acho que eles entenderam que dá pra olhar com a intenção de contar uma história. E era isso que a gente queria. Despertar, né? Essa ideia de que a fotografia, a técnica fotográfica, é uma possibilidade de contar uma história e também é uma possibilidade de ver o teu cotidiano de uma forma mais poética. Porque às vezes as pessoas acham que só o que tá muito longe é bonito, né? Então assim, tu te dá conta que o bairro que tu mora é legal, que aqui é um lugar legal, que as tuas coisas dão uma foto bonita. Então isso é importante. De ter essa percepção de que a tua vida dá foto. Que a tua vida vale a pena. Eu acho que isso eles perceberam”, explica Sinara.
Carlos Carvalho, fotógrafo e produtor-executivo do FestFoto – Descentralizado, valoriza o olhar que os participantes tiveram durante a oficina, destacando que isso junto da curiosidade e ousadia dos alunos foi o que lhe deixou mais feliz.
“Acho que todo mundo que participou tem uma vontade de melhorar as fotos que eles já sabem fazer. E eles foram muito dedicados a isso. Ficaram atentos aos truquezinhos que a gente pode utilizar para corrigir as imagens. O mais importante pra mim, foi que eu imagino pra mim que eles tenham percebido que eles podem fazer grandes fotos, grandes imagens com o celular. Não precisa ter uma máquina fotográfica sensacional. E o mais importante é o olhar. Eu fiquei bem feliz em perceber como eles já têm um olhar, uma curiosidade. Tem imagens ali super legais com bastante ousadia, composição e tal. Acho que essa foi a parte que me deixou mais feliz”, conta.
Carlos ainda destaca que após a oficina sai muito animado para uma segunda edição do FestFoto – Descentralizado.
“A gente sempre quis dentro do FesfFoto ter uma parte de ação educativa mais forte do que era possível. Essa edição específica do Descentralizado pra nós é o início disso. E aí a gente fica bastante animado e com vontade de querer fazer uma segunda parte, uma segunda edição do FestFoto – Descentralizado e ampliar tudo o que a gente pôde trocar com eles“, conta Carlos.
Confira algumas fotos tiradas pelos alunos durante a oficina
No dia 17 de agosto, os alunos que participaram da oficina vão estar presentes na abertura oficial da exposição do FestFoto que vai acontecer no museu Iberê Camargo, na Zona Sul de Porto Alegre.
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