Um semestre de muita entrega, resiliência e desafios

Jovens do Coletivo contemplam a comunidade – Créditos: Robson Farias

O primeiro semestre de 2024 foi sem sombra de dúvidas muito desafiador. Nos desdobramos e deixamos de ser uma ONG que realizava ações apenas no Morro da Cruz. Com a tragédia climática que afetou o Rio Grande do Sul em abril e maio, resolvemos tomar atitudes que tiveram impacto em outros locais de Porto Alegre e também na região metropolitana.

Mas nem por isso deixamos de ter o nosso olhar carinhoso e voltado para o morro. Por isso, continuamos fazendo o nosso trabalho na comunidade, realizando os nossos projetos em meio a tudo que estava acontecendo.

Apesar de ser um semestre de muitas lutas, sentimos que saímos dele muito mais fortes e preparados para encarar os próximos meses. Reunimos neste espaço os principais fatos que marcaram os primeiros seis meses deste ano para nós.

Mantivemos nossas atividades

Começamos 2024 realizando os nossos projetos normalmente e ainda tivemos um curso de design de sobrancelhas que capacitou 13 mulheres da comunidade para trabalhar no ramo da estética. Em janeiro, tivemos a colônia de férias no projeto Integração Social. As aulas do projeto começaram oficialmente em fevereiro quando os projetos Conviver, Coletivo 60+ e Decola também iniciaram. O projeto Decola realizou um passeio em junho quando os alunos foram ao cinema assistir ao filme Divertida Mente 2.

Em março foi a vez dos projetos CRC e Janelas Abertas voltarem a ter aulas. O CRC, inclusive, realizou um passeio ao South Summit Brazil 2024 logo após o início das aulas.

Em 2024 também tomamos determinadas atitudes. Preocupados com o impacto do ser humano no meio ambiente e também em inserir a comunidade do Morro da Cruz em pautas sustentáveis, lançamos como propósito este ano trabalhar a educação ambiental como uma das nossas principais ações.

Em abril e maio, muitas instituições paralisaram as suas atividades em decorrência das chuvas que atingiram o nosso estado. Mas nós mantivemos nossas portas abertas porque entendíamos que o nosso espaço era importante para os jovens e para as suas famílias.

Além das aulas em si, os primeiros meses do ano também foram de reformas em nossas sedes e um momento onde deixamos de ter quatro espaços para dar aulas e passamos a ter seis. No primeiro semestre, conseguimos ter uma nova sede para o projeto Conviver que fica na rua Padre Ângelo Costa, 303 e também uma para a oficina de marcenaria que fica na rua Primeiro de Março, nº 774. A sede da oficina ainda está passando por reformas.

Por fim, destacamos aqui duas ações importantes que realizamos. A primeira delas foi uma campanha de arrecadação que tinha o objetivo de comprar capas de chuvas para os nossos jovens. Com ajuda de muitos apoiadores, compramos 80 capas de chuvas que vão servir para que os alunos se protejam do mau tempo e consigam se deslocar para as nossas sedes.

Além disso, outra ação importante foi a nossa participação no FestFoto – Descentralizado. Neste ano, o FestFoto, tradicional festival de fotografia que acontece na região central de Porto Alegre, está tendo uma versão diferente com o objetivo de levar a cultura da fotografia às periferias. Nós do Coletivo estamos representando o Morro da Cruz enquanto o Centro de Educação Ambiental (CEA) está representando o bairro Bom Jesus.

Ainda antes do semestre acabar, realizamos um encontro que batizamos de portas abertas onde recebemos apoiadores e amigos que fazem o nosso trabalho acontecer. Foi um momento de muita alegria, diálogo e projeções sobre o nosso futuro.

Apoiadores e amigos são apresentados ao CRC – Créditos: Robson Farias

Nossos números e cuidados

Desde o começo do nosso trabalho no Morro da Cruz, trabalhar a saúde mental sempre foi uma preocupação do Coletivo. Até o momento neste ano, temos o orgulho de dizer que seguimos trabalhando forte neste setor. Além da psicologia, nós também estamos atuando com muita dedicação para garantir uma alimentação saudável aos nossos alunos a partir do auxílio de uma profissional da nutrição na criação das refeições. Nos primeiros seis meses de 2024, realizamos 56 atendimentos no total dos dois setores.

Durante este semestre, nós também contamos com o apoio de 11 voluntários especializados que nos auxiliaram. Além deste grupo incrível de pessoas, podemos destacar que o nosso setor de pedagogia evoluiu muito no semestre, resultando em uma maior organização do nosso trabalho. Este setor, inclusive, foi responsável por diversas visitas domiciliares realizadas, mostrando o compromisso que nós temos de realizar um atendimento de excelência e completo na comunidade.

Coordenadora geral e psicóloga do Coletivo, Luísa Pires, durante aula de desenvolvimento emocional no CRC – Créditos: Marcella Sei

Além das questões citadas acima, podemos destacar outro fato importante: os encaminhamentos. Quando os nossos jovens participam de algum projeto, nós temos como costume ajudá-los de diversas maneiras e uma delas é os encaminhando para alguns locais, seja para um jovem aprendiz, para serem monitores no próprio Coletivo ou para alguns setores de saúde, como fonoaudiologia, por exemplo, caso tenhamos essas oportunidades. Destacamos aqui que neste semestre realizamos diversos encaminhamentos.

Por fim, queremos destacar que até aqui nós tivemos 50 alunos matriculados no Integração Social, 24 jovens no projeto Conviver, 24 jovens no projeto CRC e 26 jovens no projeto Decola.

Criamos novos projetos

Nestes seis meses nós também criamos três novos projetos e um núcleo importante para a comunidade feminina do Morro da Cruz.

Lançamos oficialmente a nossa oficina de marcenaria que tem o objetivo de trabalhar com o ensino da criação de mobiliários no Morro da Cruz.

Criamos o NAAM – Núcleo de Atendimento à Mulher do Morro da Cruz, cujo objetivo é ser um espaço de escuta ativa para as mulheres do morro.

Também lançamos o projeto Conviver. Este projeto tem como objetivo preparar jovens de 12 a 14 anos para entrarem na fase da adolescência mais preparados emocionalmente. Os jovens têm aulas nas segundas, quartas e sextas no contraturno escolar. As aulas disponibilizadas são de música, esporte e educação ambiental.

Por fim, criamos o Coletivo 60+, um projeto de audiovisual apoiado pela empresa Gruppen It que tem o objetivo de produzir vídeos educativos ensinado o público idoso a mexer com a tecnologia. Confira os quatro últimos vídeos criados no projeto.

Vale destacar que o projeto Coletivo 60+ está atuando em parceria com o projeto Janelas Abertas neste semestre. O Janelas está tendo aulas com foco em ajudar o público idoso do Morro da Cruz. Em paralelo, o Coletivo 60+ colhe as principais dúvidas levantadas nas aulas e produz conteúdos em vídeo apresentando soluções.

Ajudamos as vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul

Durante o período das enchentes no Rio Grande do Sul, nos posicionamos para ajudar as vítimas dessa tragédia climática. Nossa primeira ação foi se colocar como uma canal de informações confiáveis onde as pessoas pudessem entrar em contato e sanar dúvidas. Esse contato aconteceu principalmente pelo WhatsApp.

Por lá tiramos dúvidas sobre serviços públicos, desmentimos fake news e colaboramos com informações úteis. Também usamos nossas redes sociais para divulgar pontos oficiais de coletas de água e alimentos, itens que a população estava buscando com frequência durante o período.

Doação recebida da Ação da Cidadania – Créditos: Robson Farias

Nesses dois meses nós também viramos um centro de arrecadação e distribuição de mantimentos. Nos colocamos nesta posição para receber donativos e destinar para dois abrigos que estavam recebendo vítimas das enchentes (a Estância Pasqualetto e o Unidos da Tuka) e as famílias do morro que também estavam recebendo pessoas das cidades afetadas pelas cheias.

Por fim, a nossa última iniciativa nesse sentido foi ajudar a Secretaria Municipal de Educação de São Leopoldo a tentar recuperar 300 chromebooks molhados pelas chuvas na cidade. O reparo dos eletrônicos está sendo feito pelo CRC (Centro de Recondicionamento de Computadores).

Com essas iniciativas, finalizamos o semestre tendo a oportunidade de poder ajudar diversas pessoas de várias regiões de Porto Alegre e região metropolitana, o que para nós foi um motivo de muito orgulho e felicidade.

Fomos destaque na mídia

Vice-presidente Elenira Martins posa com equipe da Record TV no inicio do ano – Créditos: Robson Farias

O nosso trabalho resultou em 12 oportunidades que tivemos de aparecer na mídia nestes seis meses. Destacamos aqui o apoio que os veículos de comunicação nos deram para ajudar a divulgar as nossas ações. Confira onde fomos citados ou viramos pautas para reportagem:

16 de janeiro de 2024 – Reportagem de GZH conta sobre iniciativa em parceria com o Coletivo para diminuir calor através da lã de ovelha.

13 de março de 2024 – Reportagem publicada no portal do Governo do RS cita CRC do Morro da Cruz em evento que antecede o South Summit Brazil 2024. 

23 de março de 2024 – Reportagem de GZH menciona a vice-presidente do Coletivo, Elenira Martins, como uma das mulheres que transformam as periferias de Porto Alegre. 

28 de maio de 2024 – Reportagem do portal Brasil de Fato falou sobre as desigualdades no Morro da Cruz em decorrência das chuvas de abril e maio. 

30 de maio de 2024 – Reportagem da TV Pampa conta sobre a produção de rodos da oficina de marcenaria do Coletivo para ajudar as vítimas das enchentes do RS..

24 de junho de 2024 – Reportagem da Matinal Jornalismo sobre a participação de Vitor Ramil em sarau cita o Coletivo como ONG que receberá doações através do show.

Carta da presidente

Presidente Lucia Scalco e vice-presidente Elenira Martins em entrega de donativos em maio – Créditos: Robson Farias

Queremos finalizar agradecendo a todos que nos apoiaram neste período. Foram meses de muita dedicação e empenho para continuarmos impactando de forma positiva a vida das pessoas. Somos muito felizes e agradecidos por realizar o nosso trabalho e ficamos mais contentes ainda sabendo que nesta caminhada podemos contar com diversas pessoas que também querem fazer o bem. Deixamos como um último recado, uma mensagem da nossa presidente fazendo um balanço deste semestre.

“Esse ano foi um ano como sempre desafiador. Uma instituição do terceiro setor ela tem que operar no limite, na imprevisibilidade e na não continuidade automática dos projetos. O financiamento dos projetos, independente da sua qualidade, a gente sofre muito com a captação. Então nós estamos avançando neste sentido, procurando novos parceiros, novas pessoas especialistas para nos ajudar. Mas eu quero dizer uma coisa em especial que eu acho que é diferente dos outros semestres. A enchente, o caos da enchente e tudo o que significou para o nosso estado, pra nossa cidade. Com muito orgulho eu posso dizer que a ONG teve um papel muito destacado com tudo isso. Fazendo um paralelo com a pandemia, nós até crescemos como instituição, ganhamos um prêmio porque nós não fechamos na pandemia e nós não fechamos também durante a enchente. Inclusive, a gente ajudou muitas famílias, recebemos muitas doações, fizemos os rodos, demos alimentos para os nossos alunos. Então foi um semestre de muita entrega. E também do surgimento do novo projeto (da oficina de marcenaria), apesar de tudo isso, onde nós vimos uma oportunidade da marcenaria trazer novas opções para os nossos jovens. Porque no final a gente quer trazer oportunidades para o pessoal da comunidade do morro, né? E a marcenaria vai ser uma opção. E foi durante todo esse caos que a gente viveu que nós fizemos essa leitura de que a gente poderia trazer benefícios para a instituição e para a comunidade“.


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